A história do
perdigueiro português Valente poderia ser igual à de muitos outros cães que
deambulam, abandonados, nas ruas. No entanto, a simples leitura do microchip
que lhe fora instalado quando era cachorro permitiu, não só, descobrir o dono,
como reunir uma "família" desfeita há sete anos, quando o cão, ainda
jovem, foi furtado do quintal dos seus donos, em Albufeira.
Agora, o Valente já está na sua velha casa, a recuperar das
mazelas que levaram duas jovens a entregá-lo aos Sapadores de Faro, depois de o
terem encontrado em muito mau estado. "Quando chegou às minhas mãos, nem
andava. Estava muito maltratado e cheio de fome", descreveu Paulo
Guerreiro, o legítimo dono.
O reencontro entre o perdigueiro e os proprietários deu-se
no passado dia 4 de novembro, quando foi entregue aos bombeiros após,
aparentemente, ter sido atropelado. Pouco depois, foi observado pela
veterinária municipal Ana Correia. "Observei-o e fiz a leitura do
microchip. Felizmente, estava registado na base de dados do SICAFE e
conseguimos descobrir o dono", descreveu Ana Correia. Um caso, diz, que
demonstra a importância do microchip e de "registar os dados do animal na
base de dados".
A partir daí, foi uma questão de horas até reunir Valente
com os donos. "Tem sido excecional! Ele não nos reconheceu nem respondia
pelo nome. Mas já me obedece. Até já sai sozinho e volta. Isso quer dizer que
se sente bem", diz Paulo Guerreiro, sem esconder a sua satisfação.
Este foi um dos dois cães de Paulo Guerreiro que
desapareceram do quintal, em Albufeira. Em ambos os casos, participou o furto
às autoridades mas sente que isso teve pouco efeito prático.
"Infelizmente, os serviços funcionam mal. Se pedissem as licenças aos
donos dos cães, como estipulado na lei, isto não acontecia", criticou.
Paulo Guerreiro, dono de Valente, suspeita que o cão de caça
tenha sido levado por feirantes. Aliás, este já é o terceiro que lhe furtam. O
animal terá sido acolhido e abandonado agora, provavelmente por estar doente.
Fonte: Nuno Rodrigues
/ JN