Foto tirada esta manhã na Praia das Belharucas |
As
caravelas-portuguesas libertam substâncias tóxicas que podem provocar reacções
alérgicas ou mesmo a morte.
A Autoridade Marítima ordenou nesta quarta-feira que
sejam içadas bandeiras vermelhas em duas praias de Albufeira, após o surgimento
na costa de várias caravelas-portuguesas, animais marinhos que libertam
substâncias tóxicas.
Embora não haja uma grande concentração de exemplares,
foi içada a bandeira vermelha nas praias da Rocha Baixinha (junto a Vilamoura,
conhecida como Falésia) e do Barranco das Belharucas, disse à Lusa fonte da
Zona Marítima do Sul.
Em toda a costa algarvia, há registo de 30 a 40 exemplares
que deram à costa nas praias nos últimos dias, mas as bandeiras vermelhas
apenas foram içadas nas que têm as concessões abertas, como o caso daquelas
duas, desde a Páscoa.
De acordo com a mesma fonte, a Polícia Marítima aumentou
também a frequência das patrulhas junto à linha de costa e alertou os nadadores
salvadores das praias que já estão abertas para aumentarem a vigilância.
As caravelas-portuguesas, confundidas normalmente com as
alforrecas, são na realidade colónias de animais que libertam substâncias
tóxicas, podendo provocar reacções alérgicas ou, em casos extremos, a morte.
Em Espanha, as autoridades decidiram também interditar a
banhos quatro praias em Cádiz, no sul, devido à concentração de
caravelas-portuguesas.
Já no início de Março tinha sido registada na costa
algarvia uma concentração anormal daqueles organismos, embora o fenómeno
aconteça todos os anos, explicou à Lusa Élio Vicente, biólogo marinho do
Zoomarine.
Segundo Élio Vicente, a espécie existe em mar aberto, mas
rapidamente pode atingir a costa arrastada pelo vento ou correntes marítimas,
uma vez que o animal não tem movimento próprio.
O problema é que, mesmo depois de mortos, aqueles
organismos continuam a libertar células com toxinas, pelo que deve evitar-se
tocar no animal.
Caso haja contacto, a pessoa deve lavar a zona afectada
com água salgada e remover os restos de tentáculos com a ajuda de um pano ou de
luvas.
De acordo com o director do Centro de Reabilitação do
Zoomarine, não há indícios de um crescimento anormal da espécie em mar aberto,
embora os ventos ou marés mais fortes possam propiciar o seu aparecimento na
costa.
Sublinhando que não há motivo de alarme, o biólogo
referiu ainda que, sobretudo no Verão, quando o mar está mais calmo, é fácil de
detectá-las ao longe.
A caravela-portuguesa tem na sua estrutura uma espécie de
vela que a faz flutuar, embora os seus tentáculos, que podem atingir vários
metros, permaneçam dentro de água.
Texto: Lusa
Foto: Al-Fachar