quinta-feira, 18 de julho de 2013

Presidente da Administração Regional de Saúde demitiu-se


Martins dos Santos, presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, e a vogal médica Ana Costa, apresentaram na sexta-feira passada, 12 de julho, a sua demissão ao ministro da Saúde.

Ao que o Sul Informação apurou, a razão oficial para que ambos tenham apresentado o seu pedido de renúncia ao cargo terá a ver com a sua discordância pelo encerramento de serviços no Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, na sequência da criação do novo Centro Hospitalar do Algarve, que engloba as três unidades hospitalares da região (Faro, Portimão e Lagos).

Martins dos Santos, que foi o grande arquiteto desta polémica nova organização das estruturas hospitalares algarvias, tinha garantido, nomeadamente em declarações aos jornalistas, que daí não resultaria qualquer fecho de serviços, mas não é isso que está em curso, ao que o Sul Informação soube junto de diversas fontes ligadas ao setor.

Na semana passada, na quarta e quinta-feira, Martins dos Santos deslocou-se por duas vezes a Lisboa para se reunir com o ministro da Saúde Paulo Macedo, tendo como tema da agenda o novo Centro Hospitalar do Algarve, em funcionamento desde 1 de julho.

Fontes ligadas à Saúde garantiram ao Sul Informação que as conversas entre Martins dos Santos e Paulo Macedo não correram bem, já que «as condições que o ministro apresentou ao presidente da ARS não eram as que este esperava», por envolverem, nomeadamente, fecho de serviços hospitalares.

Entretanto, o ministro Paulo Macedo terá convidado, ainda na quinta-feira, o médico Pedro Nunes, até agora presidente do Conselho de Administração do Hospital de Faro, para a presidência do Centro Hospitalar do Algarve. Na sexta-feira, ao saber por via indireta desta escolha da tutela, o presidente da ARS apresentou ao ministro a sua renúncia ao cargo.

Em abril passado, Martins dos Santos, então ainda presidente da Administração Regional de Saúde, tinha assegurado não estar prevista a extinção de valências nos hospitais de Portimão e Lagos, com a criação do Centro Hospitalar do Algarve.

Martins dos Santos garantiu mesmo que «não faria sentido haver extinção de valências, uma vez que o Barlavento continua a ter os seus doentes». O que vai haver é «uma melhoria na acessibilidade a essas valências porque vamos potenciar o número de especialistas na região», disse então o presidente da ARS.
Aquele responsável acrescentou que a fusão dos três hospitais da região numa só estrutura, segundo o modelo que foi proposto pela ARS/Algarve e aprovado em Conselho de Ministros a 17 de abril, pretendia garantir uma melhor gestão dos recursos a nível regional.

Os últimos tempos da gestão de Martins dos Santos têm sido marcados pela controvérsia: em fins de abril demitiu-se a médica Rosa Gonçalves, diretora executiva dos Centros de Saúde do Barlavento (ACES Barlavento), alegadamente por não concordar com as mais recentes orientações da Administração Regional de Saúde para o setor.

Depois foi a vez de os autarcas do Barlavento algarvio criticarem a criação do Centro Hospitalar do Algarve, por temerem o fecho de valências nos hospitais de Portimão e Lagos, uma perspetiva que, pelos vistos, se veio a confirmar.

O Sul Informação já tentou falar com Martins dos Santos, até agora sem sucesso.

Por seu lado, o gabinete de comunicação da ARS Algarve, em resposta a um email do nosso jornal, informou apenas que Martins dos Santos está, neste momento, de férias, escusando-se a fazer qualquer outro comentário.


Fonte: Elisabete Rodrigues/Sul Informação