Martins dos Santos, presidente do Conselho Diretivo da
Administração Regional de Saúde do Algarve, e a vogal médica Ana Costa,
apresentaram na sexta-feira passada, 12 de julho, a sua demissão ao ministro da
Saúde.
Ao que o Sul Informação apurou, a razão oficial
para que ambos tenham apresentado o seu pedido de renúncia ao cargo terá a ver
com a sua discordância pelo encerramento de serviços no Hospital do Barlavento
Algarvio, em Portimão, na sequência da criação do novo Centro Hospitalar do
Algarve, que engloba as três unidades hospitalares da região (Faro, Portimão e
Lagos).
Martins dos Santos, que foi o grande arquiteto desta
polémica nova organização das estruturas hospitalares algarvias, tinha
garantido, nomeadamente em declarações aos jornalistas, que daí não
resultaria qualquer fecho de serviços, mas não é isso que está em curso,
ao que o Sul Informação soube junto de diversas fontes ligadas ao
setor.
Na semana passada, na quarta e quinta-feira, Martins dos
Santos deslocou-se por duas vezes a Lisboa para se reunir com o ministro da
Saúde Paulo Macedo, tendo como tema da agenda o novo Centro Hospitalar do
Algarve, em funcionamento desde 1 de julho.
Fontes ligadas à Saúde garantiram ao Sul Informação que
as conversas entre Martins dos Santos e Paulo Macedo não correram bem, já que
«as condições que o ministro apresentou ao presidente da ARS não eram as que
este esperava», por envolverem, nomeadamente, fecho de serviços hospitalares.
Entretanto, o ministro Paulo Macedo terá convidado, ainda na
quinta-feira, o médico Pedro Nunes, até agora presidente do Conselho de
Administração do Hospital de Faro, para a presidência do Centro Hospitalar do
Algarve. Na sexta-feira, ao saber por via indireta desta escolha da tutela, o
presidente da ARS apresentou ao ministro a sua renúncia ao cargo.
Em abril passado, Martins dos Santos, então ainda presidente
da Administração Regional de Saúde, tinha assegurado não estar prevista a
extinção de valências nos hospitais de Portimão e Lagos, com a criação
do Centro Hospitalar do Algarve.
Martins dos Santos garantiu mesmo que «não faria sentido
haver extinção de valências, uma vez que o Barlavento continua a ter os seus
doentes». O que vai haver é «uma melhoria na acessibilidade a essas valências
porque vamos potenciar o número de especialistas na região», disse então o
presidente da ARS.
Aquele responsável acrescentou que a fusão dos três
hospitais da região numa só estrutura, segundo o modelo que foi proposto pela
ARS/Algarve e aprovado em Conselho de Ministros a 17 de abril, pretendia garantir
uma melhor gestão dos recursos a nível regional.
Os últimos tempos da gestão de Martins dos Santos têm sido
marcados pela controvérsia: em fins de abril demitiu-se a médica Rosa
Gonçalves, diretora executiva dos Centros de Saúde do Barlavento (ACES
Barlavento), alegadamente por não concordar com as mais recentes orientações da
Administração Regional de Saúde para o setor.
Depois foi a vez de os autarcas do Barlavento algarvio
criticarem a criação do Centro Hospitalar do Algarve, por temerem o fecho de
valências nos hospitais de Portimão e Lagos, uma perspetiva que, pelos
vistos, se veio a confirmar.
O Sul Informação já tentou falar com Martins dos
Santos, até agora sem sucesso.
Por seu lado, o gabinete de comunicação da ARS Algarve, em
resposta a um email do nosso jornal, informou apenas que Martins dos Santos
está, neste momento, de férias, escusando-se a fazer qualquer outro comentário.
Fonte: Elisabete
Rodrigues/Sul Informação