quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Horror e lágrimas à saída da Praça de Touros


Albufeira foi palco, ontem à noite, de mais um protesto pacífico contra a Tourada na cidade. Dezenas de pessoas gritaram “Basta de Tourada, Basta de Tortura” em frente desta que é a única praça fixa no Algarve.

Manifestantes escoltados por agentes da GNR a cavalo
Tudo começou pelas 20:15 horas, com concentração no parque de estacionamento junto à rotunda da Corcovada. Os manifestantes dirigiram-se então para a Praça de Touros de Albufeira, desta vez escoltados por dois agentes da GNR a cavalo, os quais chegaram mesmo a cortar o trânsito para os manifestantes atravessarem a passadeira em maior segurança. Chegados junto à Praça de Touros da GNR, os manifestantes foram confinados a um espaço no passeio protegidos por grades metálicas e quatro elementos da GNR. Um grande exemplo de humanismo dado por esta força de segurança, preocupada com a integridade física dos manifestantes, apostando na prevenção contra eventuais hostilidades por parte de pessoas ligadas à organização do ato bárbaro, como tentaram fazer em protestos anteriores.

Agentes da GNR a cavalo cortam o trânsito para os manifestantes atravessarem a estrada em segurança
De megafone na mão e acompanhados pelos restantes manifestantes, pelo ar ecoaram palavras em português e em inglês contra a barbaridade que iria ocorrer no interior da Praça de Touros, procurando demover os que estavam nas filas das bilheteiras a desistirem e irem-se embora, alertando que o que iriam ver era tortura contra animais e sangue a escorrer.


Aos manifestantes, foram-se juntando outras pessoas, maioritariamente estrangeiros, entre as quais destacamos um cidadão holandês e uma cidadã grega, os quais pediram o megafone e também eles gritaram palavras contra as touradas nas suas línguas, pedindo aos seus concidadãos que não fossem á tourada, um espetáculo muito apreciado no Coliseu da Roma Antiga há mais de 2000 anos atrás.


Dois milénios depois, ainda há quem defenda, promova e licencie este tipo de espetáculo degradante e chocante para o ser humano e bárbaro para com os animais. Mais grave ainda, continua a haver quem os licencie. E não são apenas os touros maltratados. São também os cavalos que são forçados a serem abatidos pelos graves ferimentos provocados pelas investidas dos touros; São também os ferimentos graves infligidos aos forcados e cavaleiros pelas investidas dos touros, alguns dos quais ficam paraplégicos e alguns acabam por morrer.

Pessoas saem das filas e vão ver e ouvir a mensagem dos manifestantes
Recordamos aqui um debate realizado por um canal de televisão espanhol sobre a tourada em que o moderador perguntou diversas vezes a um promotor e defensor das touradas se a tourada justifica a perda de uma vida humana e esse indivíduo se esquivou sempre a responder. Chegados ao final do debate, o moderador dirigiu-se a esse indivíduo e disse-lhe: «Bom, chegamos ao fim do programa e o senhor não respondeu à minha pergunta. A tourada justifica a perda de uma vida humana?». Esse indivíduo, já não aguentando a pressão pela forte insistência na pergunta, finalmente respondeu: «Sim, a tourada justifica a perda de uma vida humana». Está tudo dito. Ainda existem pessoas que defendem a existência dos gladiadores da Roma Antiga. E reafirmamos: o mais grave é haver quem licencie as suas atividades. A CULPA NÃO É DE QUEM FAZ, É DE QUEM DEIXA. Temos que aceitar a existência de seres humanos diminutos, sem escrúpulos, sem princípios, sem humanismo, bárbaros e animalescos. O papel da sociedade é promover a sua evolução moral e intelectual. Mas quando são os próprios governantes a promoverem as suas atividades, a pressão tem de vir de baixo, ou seja, da população, até que aqueles que nós elegemos perceberem que a humanidade está em constante evolução e que algumas ditas «tradições» estão completamente caducas, não passando de aberrações defendidas por seres desumanos e legalizadas por pessoas no mínimo estranhas que lhes dão cobertura. Até quando?


Um jornalista deve ser imparcial e noticiar com objetividade. No entanto, neste e em casos similares, sempre que se trate de seres sem voz, incapazes de defenderem os seus direitos – que os têm -, abrimos uma exceção. O PlanetAlgarve apoia incondicionalmente todos os cidadãos de Albufeira que se manifestam contra todo e qualquer mau trato aplicado aos animais. Este é um meritório exemplo do humanismo dos cidadãos albufeirenses, bem distinto daqueles que decidem sobre o seu destino, que não pensam duas vezes quando se trata de arrecadar receita.


É uma pena que Albufeira, Capital do Turismo, com tantas belezas naturais e tanta oferta turística de qualidade, fique assim manchada de sangue na sua reputação.


Recordamos que durante o período em que os manifestantes vão gritando as suas palavras de ordem em defesa de quem não o pode fazer, são inúmeras as pessoas que vão abandonando a Praça de Touros, visivelmente horrorizadas com o chocante espetáculo a que assistiram, agarradas aos filhos, ainda crianças, desiludidas consigo próprias por os terem arrastado para aquilo. Dirigem-se aos manifestantes e dão-lhes razão, arrependidas de terem ido ver aquilo, algumas das quais de lágrimas nos olhos, pensando que iriam passar uma noite bem passada em família, afirmando que o que se passa no interior da praça é tudo menos um espetáculo familiar, estupefactas por espetáculos deste tipo serem licenciados num país da União Europeia no Séc. XXI.

Cidadão holandês dirigindo-se na sua língua aos seus compatriotas
A grande dinamizadora do grupo, Carla Madeira Matias, diz que, “para provar que Albufeira não é Viana, onde a carga policial envergonhou essa classe profissional e ofendeu o direito constitucional de manifestação, a GNR de Albufeira, que sempre esteve presente em todos os nossos protestos, zelando pela nossa integridade física, ainda nos brindou com uma magnífica escolta a cavalo até à praça!”, acrescentando: “A Cidade de Albufeira não quer Tourada e isso reflete-se cada mais na assistência que tem vindo a decrescer dentro da praça. Os turistas começam a devolver os bilhetes e a perceber que este tipo de "espetáculo" em nada é condizente com a anunciada não crueldade com animais e apenas "dança" ou brincadeira. Muitos saem de lá enojados, chorando e chocados e sentem-se completamente enganados! E por isso retornam para os seus países prontos para divulgar que em Albufeira se pratica este tipo de crueldade!

Cidadã grega dirigindo-se em grego aos seus compatriotas
Queremos Turismo em Portugal e no Algarve! Não queremos "espetáculos" que nos envergonhem!”