Praia dos Pescadores - Albufeira - Agosto 2012 |
Mais turistas, sobretudo estrangeiros, mas menos
dinheiro. Foi assim no Algarve na primeira quinzena de Agosto e a situação
deverá prolongar-se por mais uma semana.
"Este
mês temos estado a 100%, tal como nos anos anteriores. Apesar de termos menos
portugueses [-10%] e espanhóis [-20%] na região, vieram mais turistas do Reino
Unido, da Alemanha e da Holanda", disse ontem ao CM o presidente da
Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).
Para
Elidérico Viegas, as perspectivas para a segunda quinzena de Agosto são de
"casa cheia" até quase ao final do mês. Na última semana, porém, as
taxas de ocupação começam a baixar.
Ao
aumento do número de turistas estrangeiros não correspondeu, contudo, um maior
volume de negócios. Pelo contrário, houve uma diminuição "de 5%
relativamente ao ano passado", frisou o responsável da AHETA.
Opinião
semelhante foi manifestada ao CM por vários empresários ligados ao sector. Na
Marina de Portimão, Elza Jacinto explora uma tabacaria e acha que "este
ano, o poder de compra dos turistas baixou cerca de 30%": "Antes, um
casal levava um jornal e duas revistas, agora só leva um artigo." As suas
perspectivas para a segunda quinzena são pessimistas: "Dia 15 foi o
primeiro dia de Inverno, daqui para a frente é sempre a descer", diz.
Já
João Reis, que explora uma concessão de insufláveis, gaivotas e canoas na
praia, acha que o negócio "está igual ao do ano passado". Mas, frisa,
"há anos que os preços não aumentam". Os seus clientes são sobretudo
franceses, espanhóis, holandeses, alemães e ingleses. Há também muitos
emigrantes, pois, sublinha, "Agosto é o mês deles".
Nos
bares e restaurantes da praia da Rocha e de Albufeira, os empresários garantem
que a primeira quinzena "não foi má", mas são unânimes ao falar da
quebra dos turistas nacionais e espanhóis.
A
verdade é que até a venda de bolas-de-berlim e águas, na praia, registou neste
Agosto uma quebra acentuada: "Vendi menos 50% do que no ano passado e
sobretudo a portugueses", revelou ao CM Laurindo da Cunha, vendedor
ambulante na praia de Alvor, Portimão.
DISCURSO
DIRECTO
"FALTA
VISÃO ESTRATÉGICA", António Pina, Presidente do Turismo do Algarve
Correio
da Manhã – Que balanço faz da primeira quinzena de Agosto?
António
Pina – Embora sem números rigorosos, acho que foi um bom período. Tivemos menos
turistas portugueses e espanhóis, mas mais de outras nacionalidades. A segunda
quinzena será semelhante.
– Mas
isso representou mais dinheiro?
–
Não, pois eles gastaram menos. Já em Junho e Julho tivemos mais turistas, mas
menos proventos.
–
Quais as consequências?
– Não
fica dinheiro para a época baixa, que se aproxima, e o desemprego poderá
aumentar a partir de Outubro. E assim é cada vez mais difícil garantir a
sustentabilidade do turismo algarvio: dois ou três meses não bastam.
–
Onde é que se está a errar?
– Falta-nos
uma visão nacional estratégica. Não aproveitámos a crise do Norte de África e
da Grécia. Se tivéssemos investido na promoção do Algarve já tínhamos retorno.
CINCO
HOTÉIS ALGARVIOS COM TUDO INCLUÍDO
Pelo
menos cinco unidades hoteleiras algarvias – o Hotel Vila Galé Náutico, em
Armação de Pêra, o Pestana Delfim, em Alvor, e unidades do grupo Barata, em
Albufeira – aderiram ao sistema ‘All inclusive’ (‘tudo incluído’), à semelhança
das Caraíbas, para atrair turistas do mercado externo. "Está a resultar",
garantem os empresários.
TURISTAS
HOLANDESES 'SALVARAM' ALBUFEIRA
Cerca
de dez mil jovens holandeses, com idades entre os 18 e os 25 anos, invadiram as
praias e a noite de Albufeira desde a segunda quinzena de Julho. Para os
operadores turísticos locais, "foram eles que salvaram o Verão".
"Este
ano tivemos muito menos portugueses e espanhóis em Albufeira. A crise afasta os
turistas nacionais e as portagens da A22 desagradam aos nossos vizinhos, que
também estão com bastantes problemas financeiros. Se não fossem os holandeses,
que vieram em massa depois de Albufeira ter sido considerada, no país deles,
como o melhor destino de praia do Mundo, estávamos mal", referiram ao
Correio da Manhã empresários do sector da restauração local.
"Aqueles
jovens têm um poder de compra bastante razoável – muito superior ao dos
portugueses – e vieram para cá festejar e gastar dinheiro. As agências negociaram
estadias baratas e eles tinham ainda descontos em bares, o que constituiu um
atractivo suplementar", esclareceram, adiantando que ainda há muitos
destes turistas na zona.
Notícia Ana Palma/CM
Foto Al-Fachar