Centenas de pessoas no comício do Bloco ontem, em Quarteira |
O coordenador do Bloco, Francisco Louçã, respondeu ao discurso do primeiro-ministro na festa realizada à porta fechada na semana passada a poucos quilómetros dali. "Passos Coelho veio dizer que o Governo não falhou. O governo falhou, queria falhar, tinha de falhar e conduziu a este falhanço toda a gente que está a sofrer a crise", acusou Louçã, lembrando que "nunca tivemos tanto desemprego: 826 mil desempregados". "A chantagem de Passos Coelho é indecente: como é que ele pode dizer ao país que é preciso pior ainda?", perguntou Louçã às centenas de pessoas que encheram o local do comício bloquista.
"Somemos os 230 mil que só têm trabalho umas horas por dia e nem o salário mínimo ganham. Somemos ainda os que estão desempregados e já não têm paciência para ir ao centro de emprego duas vezes por mês, mês após mês, ano após ano, os que já não têm esperança na vida: são mais 250 mil. Olhamos para o país: um milhão e trezentos mil que não têm o trabalho que lhes dá a dignidade de ter o seu o seu rendimento, o seu salário", acrescentou o coordenador bloquista.
Alternativa é "fechar a porta à troika e abrir a porta
à Europa"
Louçã propôs alternativas urgentes para evitar a espiral da catástrofe em que o país está mergulhado. Para o Bloco, a primeira prioridade é "fechar a porta à troika e abrir a porta à Europa". "É preciso acabar com a chantagem que a troika impõe sobre Portugal: se a Europa financia a banca portuguesa e internacional a 1% a três anos é assim que deve ser para responder à crise financeira" que o país está a sofrer, defendeu Louçã, sublinhando que até Cavaco Silva já interveio em defesa desta proposta.
Louçã propôs alternativas urgentes para evitar a espiral da catástrofe em que o país está mergulhado. Para o Bloco, a primeira prioridade é "fechar a porta à troika e abrir a porta à Europa". "É preciso acabar com a chantagem que a troika impõe sobre Portugal: se a Europa financia a banca portuguesa e internacional a 1% a três anos é assim que deve ser para responder à crise financeira" que o país está a sofrer, defendeu Louçã, sublinhando que até Cavaco Silva já interveio em defesa desta proposta.
Mas Louçã não se ficou por esta proposta e avisou os
presentes que "quando a troika empresta 78 mil milhões a Portugal e cobra
34 mil milhões em juros, eu percebo que a sra. Merkel se ria de nós: é que ela
vai cobrar-nos 50% do que emprestou em juros. Mais vale ser assaltado com uma
pistola na mão. Isto é tirarem o futuro a Portugal". Para o Bloco, a
segunda prioridade é que "não devemos um juro que é imposto pela
violência, pela chantagem, pela usura, por agiotas internacionais que pensam
que podem cobrar ao vosso salário ou à pensão dos vossos pais tudo aquilo que
quiserem durante o tempo que quiserem". "A dívida abusiva não tem de
ser paga. Não temos de ser assaltados", sublinhou.
Ajudas à banca devem permitir controlo público do BCP e BPI
Em terceiro lugar, Louçã falou dos seis mil milhões de euros que o Governo ofereceu "com generosidade" para recapitalizar a banca privada portuguesa e defendeu que esse investimento tem de permitir o controlo público dos bancos que receberam em ajudas públicas mais do que aquilo que valem em bolsa: "Se o Estado português com o dinheiro dos impostos dos portugueses, pagou quatro vezes o valor do BPI e três vezes o valor do BCP, quem paga, manda. Esses bancos devem ser postos ao serviço do crédito público".
Em terceiro lugar, Louçã falou dos seis mil milhões de euros que o Governo ofereceu "com generosidade" para recapitalizar a banca privada portuguesa e defendeu que esse investimento tem de permitir o controlo público dos bancos que receberam em ajudas públicas mais do que aquilo que valem em bolsa: "Se o Estado português com o dinheiro dos impostos dos portugueses, pagou quatro vezes o valor do BPI e três vezes o valor do BCP, quem paga, manda. Esses bancos devem ser postos ao serviço do crédito público".
Para Louçã, o BCP e o BPI "devem ser nacionalizados porque
já estão a ser pagos com o dinheiro de toda a gente. Devem ser usados para o
que é preciso, para dar crédito e ajudar a economia. É preciso sensatez na
economia e não se pode pagar para desperdiçar".
"Passos Coelho não nos pode dizer que não há dinheiro"
Louçã referiu ainda a "descoberta" de 3.446 milhões de euros transferidos por contribuintes portugueses para offshores, dizendo que o Governo finalmente "fez o que o Bloco de Esquerda anda a dizer há treze anos: vão às carteiras escondidas nos offshores". "É dinheiro que não pagou impostos e cujos donos, se tivessem sido apanhados, teriam de passar oito anos na prisão. Mas o Governo aplicou uma lei que entretanto já tinham criado - imaginem lá porquê… - que faz com que não haja punição criminal, não se pergunta nada aos donos deste dinheiro e cobra-lhes 7,5%. Olhem para o vosso IRS: pagaram 7,5%?" questionou Louçã.
Louçã referiu ainda a "descoberta" de 3.446 milhões de euros transferidos por contribuintes portugueses para offshores, dizendo que o Governo finalmente "fez o que o Bloco de Esquerda anda a dizer há treze anos: vão às carteiras escondidas nos offshores". "É dinheiro que não pagou impostos e cujos donos, se tivessem sido apanhados, teriam de passar oito anos na prisão. Mas o Governo aplicou uma lei que entretanto já tinham criado - imaginem lá porquê… - que faz com que não haja punição criminal, não se pergunta nada aos donos deste dinheiro e cobra-lhes 7,5%. Olhem para o vosso IRS: pagaram 7,5%?" questionou Louçã.
Feitas as contas, prosseguiu, "se estes 3446 milhões
tivessem pago como se fossem uma empresa qualquer em Portugal, teriam pago 900
milhões de euros de imposto, ou seja, teriam coberto exatamente o mesmo que o
Governo tirou aos hospitais e aos centros de saúde". Mas se este dinheiro
tivesse pago como se fosse o IRS de um trabalhador, "teria conseguido para
o Estado quase 2 mil milhões de euros, exatamente o que o Governo tirou aos
reformados e aos trabalhadores da Função Pública".
"Há uma coisa que Passos Coelho não nos pode dizer: é
que não há dinheiro. (…) Bastaria tirar a este dinheiro criminoso para resolver
uma parte dos problemas orçamentais do país. O nosso problema não é que não
haja dinheiro. É que o dinheiro está escondido para não pagar o imposto que o
trabalhador ou a reformada pagam", acusou.
"A grande mudança que Portugal precisa é termos um
Governo que não continue a facilitar a vida ao crime económico, à fuga de
capitais, à desigualdade de rendimentos, à imposição contra os trabalhadores e
à proteção do capital que pode fazer o que quer. É por essa diferença que é
preciso um Governo de esquerda", defendeu em seguida o coordenador do
Bloco.
O comício teve ainda a intervenção do dirigente bloquista
algarvio José Mealha, que falou das dificuldades que o Governo de Passos Coelho
acrescentou à vida de quem vive no Algarve, em particular no acesso à saúde.
Por sua vez, Ana Drago respondeu a Passos Coelho, quando na semana passada se
mostrou contente porque acha que o país deixou de viver acima das suas
possibilidades. Para a deputada bloquista, os 826 mil desempregados registados
ao fim do primeiro ano do mandato são a marca deste Governo, que considera o
bem estar destas pessoas como estando acima das possibilidades do país.
Texto e Foto: Esquerda.net